Ser fiscal de alguma coisa parece uma profissão muito severa, carrancuda, mas o Agente Laranja, imaginado por Chico César, é fiscal de frutas numa festa popular. Ele passeia por entre rodas-gigantes, carrosséis e outros brinquedos. Tudo são cores e luzes e formas e cheiros e sabores – e as palavras são tratadas como se suas sílabas fossem peças de Lego, que é possível juntar, separar, misturar umas com as outras.
A Festa das Neves, na Paraíba, é o lugar, onde o rapaz se diverte e vai descobrindo, a cada passo, um sabor diferente, uma cor que nunca tinha visto… É o mundo dos adultos visto por olhos de criança. Na parceria entre o menino Chico César e a menina Fernanda Lerner, a festa das máquinas de brinquedo cede lugar à festa das frutas de verdade, e é no meio delas que o “nosso herói” descobre a Maçã do Amor e tudo que ela traz consigo.
Conhecido no Brasil e no mundo como compositor e cantor de rara inventividade, Chico César é também poeta (Cantáteis) e, como esse livro mostra, um contador de histórias imaginosas e simples, onde as palavras são saboreadas com o ouvido, os olhos e a boca. O Agente Laranja e a Maçã do Amor nos deixa com a alegria da descoberta e a esperança de que a festa poética da imaginação do autor não fique somente nesse passeio.
Bráulio Tavares
Escritor e pesquisador de literatura fantástica